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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Dom Casmurro - Machado de Assis

A edição que eu li foi essa da scipione dos meus tempos de colégio, muito boa, qualquer coisa mais difícil tem nota de roda pé, tem uma introdução com contexto histórico e falando  sobre o Machado de Assis e  um posfácio muito bem escrito pelo José de Nicola. Eu procurei essa edição e achei só no mercado livre, deve ter só em sebo mesmo, mas vale a pena para quem tá estudando.
Essa resenha tem spoiler, esse é o romance mais arquetípico da literatura brasileira, nunca havia lido e nem visto filme, documentário, nada sobre o livro e mesmo assim conhecia a história TODA.
Não sou professora de literatura e sim de história , então vou fazer a resenha do meu jeito.
O livro é escrito em primeira pessoa, como se fossem  memórias escritas pelo Bentinho, o Dom Casmurro, muito tempo depois delas terem acontecido, o narrador conversa o tempo todo com o leitor.
Ele relembra sua adolescência, quando era Bentinho e sua mãe havia feito uma promessa depois de perder um filho, que o próximo, no caso o Bentinho,  seria padre.
Mas ele se apaixona por sua vizinha, a Capitu, o narrador descreve o seu namoro de menino,  mas montando os personagens, onde Capitu aparece  como uma dissimulada, com os famosos "olhos de ressaca: olhos de cigana oblíqua e dissimulada."  E ele próprio, como um menino imaginativo e ciumento.
Bentinho frequenta o seminário onde conhece o melhor amigo: Escobar. E consegue que sua mãe permita que ele não seja padre.
Ele se torna um advogado e consegue se casar com Capitu, e o narrador vai montando a história de forma que o leitor perceba a esperteza da moça para conseguir esse casamento. E ao mesmo tempo o ciúmes dele.
Eles demoram a ter um filho, até que Capitu fica grávida e tem um menino, Ezequiel. Quando o menino começa a crescer é que surgem os problemas, porque ele, segundo o narrador é a cara de Escobar, tem o jeito e a voz. Escobar morre afogado no mar, a história se passa no Rio de Janeiro.
A desconfiança de Bentinho é tanta que ele pensa em se matar, mas Capitu nega que tenha traído o marido,  e o narrador mostra episódios no livro que revelam que realmente duas pessoas podem se parecer e não serem parentes e ao mesmo tempo, em dois momentos, Escobar e Capitu aparecem na memória do narrador, juntos e  sozinhos  por um tempo. Então o livro é sobre a dúvida Capitu traiu ou não Bentinho? O autor brinca com leitor, que nós preenchemos a lacunas. Sem esquecer que quem conta a história é o marido ciumento e a esposa dissimulada não tem a chance  de se defender, o ponto de vista é de uma marido ciumento e de memória imaginativa.
Capitu e o filho vão para  Suíça e vivem separados de Bentinho, até que Capitu morre jovem, e o filho cresce e se encontra com o pai e está extremamente parecido com Escobar, segundo o narrador ciumento, o rapaz volta para Europa para estudar arqueologia e acaba  morrendo também de uma febre tifoide. E Dom Casmurro, é que lembra disso tudo.   
O contexto histórico é o Reinado de Dom Pedro II, Bentinho é um aristocrata filho de fazendeiro dono de escravos, e Capitu é de uma classe inferior a de Bentinho.
A minha conclusão é que Machado de Assis constrói todo a história do livro para deixar uma dúvida mesmo no leitor. Para um leitor achar que traiu e outro achar que não. 

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