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sábado, 27 de fevereiro de 2016

Resenha: Che Guevara: uma biografia de Jon Lee Anderson


 Nos agradecimentos, Jon Lee Anderson, diz ter escrito  nessa biografia "a verdade, como ele percebeu, da vida de Che,  sua verdade, não de qualquer outra pessoa". Biografias são  acontecimentos da vida de uma pessoa, sob o ponto de vista do autor e de acordo com as fontes disponíveis. Assim como não existe a verdade em história e sim versões.
O autor queria salientar que, escreveu o livro sem o objetivo de agradar  quem quer que seja, e sim escrever o que  percebeu de tudo que encontrou sobre a vida de Ernesto Guevara de la Serna. Anderson conseguiu fazer uma biografia honesta, um americano contando a vida de um "anti yankee". 
Jon Lee Anderson viveu  em Cuba com sua família, por algum tempo, nos anos de 1990, conviveu com a viúva de Che, Aleida, teve acesso a arquivos públicos e pessoais. Em Cuba  conheceu o mito, Che.
E depois foi à Argentina e conheceu o homem, Ernesto, entrevistando amigos de sua infância e juventude, e também parentes.
O livro começa com a história da família de Ernesto, mostrando que tem  origem aristocrática, porém empobrecida, tanto do pai, quanto da mãe, mostrou as dificuldades financeiras e as brigas do casal  Guevara. 
Família Guevara, Ernesto criança o primeiro da esquerda.

Mostra a infância de Ernesto, um menino levado e asmático, conta passagens bem engraçadas, do garoto comendo giz e bebendo tinta para se exibir perante os colegas, talvez tentando superar as frustrações  que a asma impunha.
O jovem Ernesto é descrito como bonito, e descuidado com a aparência, ficava sem trocar a camisa por uma semana, e muitos dias sem tomar banho, chegou a amarrar a calça larga com uma corda de varal para ir a uma festa da sociedade argentina, chocando os convidados. Usou por algum tempo um  pé de sapato diferente do outo. Mesmo sendo descuidado, com o cabelo atrapalhado, as mulheres sempre se apaixonavam por ele, e nessa época era bastante mulherengo.
Durante a juventude na Argentina  não mostrou nem uma preocupação política, não participou dos movimentos estudantis, estudou  medicina, e andava sempre com um livro na mão, e mesmo com a asma jogava rugby.
Jovem Ernesto na varanda da casa da mãe na Argentina

Mostra quando Ernesto, ainda estudante de medicina, sai em uma viagem pela América Latina em uma motocicleta com seu amigo bioquímico, Alberto Granado, viagem relatada em um dos diários de Guevara, e  foi publicado:" Diários de Motocicleta".
Dia da partida da viagem pela América Latina.
Virou filme  dirigido pelo brasileiro Walter Salles, um  aparte, gostei muito desse filme e adoro o trabalho do Gael García Bernal, porém,  achei a interpretação de Gael meiga demais, e pouco irônica.
Imagem do filme Diários de motocicleta. 

A viagem pela América Latina empobrecida muda Ernesto,  volta à  Argentina e se torna doutor, sua família acreditava que  se tornaria um médico e teria uma vida de classe média, se especializando em alergia, mas não foi o que aconteceu.
Ernesto tinha um espírito aventureiro, ele foi para a Venezuela e depois para Guatemala que tinha passado por uma revolução socialista. Ernesto ainda não tinha opinião política formada, estava nesse processo, lendo: Marx, Engels, Lenin e outros, não tinha aceitado totalmente o marxismo, mas lutou como médico contra o golpe patrocinado pelos Estados Unidos  na Guatemala. Conheceu sua primeira esposa por essa época, sua relação com Hilda se dava mais pela afinidade política, mas acabou se casando com ela e tendo sua primeira filha, Hildita.
Che com a ex mulher Hilda, no aniversário de Hildita.

Foi exilado da Guatemala assim como Hilda e foram para o México, começava a ser formar um novo homem, Che, apelido veio por causa do sotaque argentino, sotaque de gaúcho.
Em julho de 1955  Che conhece Fidel no México. E começaram a planejar e treinar para uma guerrilha em Cuba.
Che e Fidel.
Che ficara empolgado com a guerra na Guatemala, e sentia que a medicina não era sua vocação. Começava ocorrer uma transformação em sua personalidade,  se tornava um radical da sua própria interpretação do marxismo leninista.
Em novembro de 1956 Fidel e Che partem do México com os guerrilheiros num navio chamado Granma, e chegaram à praia Las Coloradas, na costa sudeste de Cuba em dezembro.
Então, o livro de Anderson começa a descrever toda guerrilha contra o Batista.
Che se tornou líder de uma tropa, se transformou em homem disciplinado, capaz de vencer a asma nas longas caminhadas pela  úmida e quente Sierra Maestra, disciplinador, obstinado, e duro com seus comandados, existia um tribunal revolucionário e certos delitos, traições e deserções  eram punidos com o fuzilamento, mas Che passava por todas as dificuldades junto com a tropa e lutava na linha de frente das batalhas, ganhando o respeito dos comandados.
O sucesso da revolução cubana, aconteceu muito pela surpresa causada nos EUA, pelo gênio político de Fidel, e da própria característica de tomada de poder em Cuba, sempre pela força, Batista já havia tomando o poder também através de um golpe. Os EUA chegaram acreditar que poderiam influenciar num futuro governo Castro, e Fidel não fazia questão nenhuma de desfazer essa suposição, chegou até mesmo receber dinheiro da CIA, Fidel Castro, mesmo depois da revolução não assumia que ela fosse socialista, e não se tem muita certeza das orientações políticas de Fidel até então, pelo jogo político que fazia, entre EUA e URSS, ele não queria um ataque norte americano à ilha muito prematuro. Muitos que apoiaram a revolução não eram socialistas ou comunista, queriam  apenas acabar com o governo corrupto de Batista, mas grande parte era anti-imperialista.
Socialistas mesmo eram Che e Raul Castro, o irmão de Fidel.
Raul Castro e Ernesto Che Guevara.

Durante a guerrilha Che teve um comportamento radicalmente disciplinado, característica que levaria até o fim dos seus    dias.  Hilda, sua esposa, já não  fazia parte dos pensamentos. Che  teve uma amante durante a guerrilha, uma mãe solteira de 18 anos, menina do povo, analfabeta. Apesar de achar a interpretação de Gael García meiga demais, essa amante de Che disse que ele tinha o olhar tão doce que era capaz de derreter o coração  de qualquer mulher.
Mas ao mesmo tempo era franco demais, magoava muitas pessoas e tinha a mente fria e calculista.
Já no fim da guerrilha, Che conhece Aleida, uma moça loira e bonita de 24 anos, formada em pedagogia, participava da revolução, mas não era socialista, tinha muitas divergências com Che,  Aleida tinha alguns preconceitos, principalmente contra negros. Mas pela obra de Anderson, Aleida parece ter sido o grande amor da vida de Che, eles começaram a namorar no final da guerrilha e no fim, Che se separou de Hilda e se casou com Aleida e tiveram 4 filhos. O autor supõe que não havia traições entre o casal, e entrevistados  relataram que mulheres lindas o assediava   nas viagens pelo mundo e  mesmo assim  ele resistia, talvez, por causa do novo homem socialista que ele queria ser, era um fanático  disciplinado. 
Che e Aleida
Família Guevara em Cuba
Com a revolução feita, o autor mostra a alegria da vitória e todos o problemas que vieram depois dela, os trabalhos extenuantes de Che no governo cubano, as viagens pelo mundo, sua decepção com a URSS. A fracassada revolução no Congo, depois na Bolívia, sua captura e morte.
Apesar de ser uma pacifista, e não concordar com nenhum tipo de guerra e violência, entendo os motivos de Che, e confesso: essa é uma resenha apaixonada, deixando claro que não sou uma fã fanática que acha que tudo que ele fazia era certo. Mas não consigo colocar uma foto dele morto aqui, porque me deixa triste.
Me pergunto como ele se transformou no mito Che. Posso pontuar algumas colocações:
- Deixou uma vida confortável de médico de classe média na Argentina, para lutar por igualdade social, e por  um povo quem nem era o dele.
_ Sua figura bonita e carismática.
- Lutava na linha de frente das batalhas e não tinha medo de morrer.
_Morreu jovem, com 39 anos.
_ A forma como foi morto, capturado em batalha, sem julgamento, foi executado a mando do governo boliviano monitorado pela CIA. Os próprios membros do governo cubano acreditam que se Che não tivesse morrido daquele jeito, a revolução cubana não teria  angariado o apoio que teve e talvez não tinha durado tanto tempo. Sobre a morte de Che, o autor norte americano, sugere que não era interesse dos EUA, a execução de  Guevara. Que o agente da CIA, um cubano, no momento da execução não pode fazer nada porque já havia ordens superiores, do presidente da Bolívia. Me fez lembrar de Pilatos representante de um império, e também lavou as mãos,  quem  vence a guerra conta a história.
Sobre os últimos momentos Che existem muitas lendas, dizem que suas últimas palavras para o carrasco que entrou na escola onde ele estava preso foram: "Sei que você veio para me matar, Atire, covarde, você só vai matar  um homem." 




terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Resenha do livro: Como Star Wars conquistou o universo de Chris Taylor


Não sou uma fã fanática da série Star Wars, mas assisti os 7 episódios. O livro de Chris Taylor é muito interessante para os fãs, mas também para quem não é. 
Porque mostra o inicio da carreira de George Lucas, os bastidores da criação do filme Star Wars IV,a dificuldade das filmagens, os problemas de Lucas em lidar com atores. E os bastidores de todos os filmes da série. Mostra também o seu  relacionamento com jovens diretores nos anos de 1970, como Coppola e Spilberg.
 Mostra como Coppola não queria dirigir O Poderoso Chefão, pois considerava como caça niqueis, e hoje é considerado um clássico, e tirou  Coppola da crise financeira. Assim como George Lucas e a Lucasfilm se tornaram ricos com Star Wars.
O livro aponta como Star Wars está no inconsciente coletivo, mesmo  quem  não é fã, cita Star Wars no cotidiano.
Mostra o fanatismo dos fãs, que  consideram a série  quase como uma religião, como grande parte  desses fãs ficaram chateados com os prólogos; são os episódios I,II e III, que foram lançados muitos anos depois do episódios  IV, V e VI, o episódio IV foi lançado em 1977, e o I em 1999; eles queriam  um filme mais retrô, que trouxesse de volta a infância, mas Lucas fez os prólogos com toda tecnologia possível e sem se importar com a atuação dos atores. E ainda fez tratamento nos filmes antigos com toda a tecnologia disponível.
  Por fim, trata  da venda da LucasFilm para Disney.

Que a força esteja com vocês!